Evento inédito no Tocantins promove a valorização de autores locais, intercâmbio cultural e reforça a Amazônia como novo polo da nona arte no Brasil
No segundo fim de semana, Palmas foi palco de um marco cultural: o primeiro evento inteiramente dedicado à nona arte das histórias em quadrinhos realizadas no estado. A ação integra o Circuito Amazônico de Quadrinhos e teve como objetivo valorizar a produção autoral da região, promover a troca entre artistas e leitores e ampliar o acesso do público amazônico ao universo dos gibis.
A iniciativa de trazer o evento para Palmas foi do Coletivo Teiú de Quadrinho Tocantinense, em parceria com a Gibiteca & Espaço de Leitura Inclusiva. O circuito já passou por Manaus, Boa Vista, Macapá e Belém, encerrando em Palmas sua programação anual com uma série de atividades gratuitas, como oficinas, palestras, sessões de autógrafos, lançamentos de obras, feira de artistas e exibições audiovisuais.
Mais do que reunir artistas consagrados e novos talentos, o Circuito Amazônico de Quadrinhos busca abrir caminhos para o apoio financeiro e institucional, fortalecendo a infraestrutura dos eventos e garantindo sua continuidade nos próximos anos. O projeto também atua como uma plataforma para descoberta e incentivo de novos autores, que encontram nas ações promovidas o estímulo necessário para dar os primeiros passos no mundo da arte sequencial.
Uma proposta pioneira na Amazônia Legal
O Circuito Amazônico de Quadrinhos é uma proposta inovadora que conecta festivais de HQs realizados em diferentes cidades da Amazônia Legal. A iniciativa aposta na arte sequencial como uma forma potente de expressão cultural, consolidando a região como um dos novos polos promissores da produção de quadrinhos no Brasil.
Convidados de renome e valorização da produção local
Realizado nas dependências do Instituto Federal do Tocantins (IFTO) nos dias 9 e 10 de maio, o evento contou com a presença de nomes importantes da cena nacional, como o autor Gidalti Junior, conhecido pelas obras Bregastory e Castanha do Pará. Durante sua participação, Gidalti destacou a importância de eventos como esse para a visibilidade da produção nortista.
“Fico muito feliz que a Feira Teiú esteja integrada ao Circuito Amazônico, promovendo a circulação dos quadrinhos da região Norte e fomentando autores, escritores e entusiastas locais”, declarou o autor.
Outro convidado foi o roteirista e editor da Brasa, Sandro Gomes — mais conhecido como “Lobo” —, que destacou a importância de se discutir o quadrinho brasileiro com foco na produção regional.
“Estou muito feliz por participar da Feira Teiú. É um evento fundamental que promove debates sobre o quadrinho feito aqui, além de incentivar o hábito da leitura, principalmente entre os jovens. Se os governos investissem mais nesse tipo de linguagem, teríamos uma população mais leitora, não apenas de HQs, mas de literatura em geral”, afirmou Lobo.
Destaque tocantinense e protagonismo feminino
O evento também destacou a produção local, como a da dupla palmense Márcio Vieira e Kauan Batista, que apresentou sua primeira HQ, Insurgência, uma ficção científica ambientada em Palmas e protagonizada por personagens do povo indígena Xerente.
Outro ponto alto foi a participação feminina, com a presença das jovens autoras Ruth Portilho Vieira e Maria Clara Guimarães, estudantes da cidade de Pedro Afonso. Elas apresentaram a HQ Uma Violência Silenciosa, desenvolvida como trabalho escolar e que aborda a questão do bullying nas escolas, promovendo reflexão e conscientização.
Cultura pop, cosplay e encerramento musical
Além das atividades voltadas ao universo dos quadrinhos, o evento contou com apresentações de dança K-pop, um concurso de cosplay e foi encerrado com show da banda Tokyo Groove, que animou o público com clássicos do rock e temas de animes consagrados da cultura pop japonesa.
A Feira Teiú, ao integrar o Circuito Amazônico de Quadrinhos, não apenas fortalece a cena local como insere o Tocantins no mapa da produção nacional da nona arte, contribuindo para o reconhecimento da diversidade cultural e criativa da região amazônica.
Este evento é mais do que um espaço de exposição — é um verdadeiro ponto de encontro da arte, da cultura e da criatividade amazônica. Nascida com o propósito de fomentar a produção independente e dar visibilidade aos artistas do Tocantins e da região Norte, a Feira reúne quadrinistas, ilustradores, editoras, pesquisadores e o público em geral em torno da nona arte.
Nesta primeira edição, promoveu oficinas, lançamentos, bate-papos e experiências imersivas que celebram a diversidade estética e narrativa dos quadrinhos produzidos no coração do Brasil. Ao integrar o Circuito Amazônico de Quadrinhos, a Feira reafirma seu papel como vitrine e motor da cultura local em conexão com o cenário nacional.
