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Do descarte à reutilização: Como os resíduos produzidos em Palmas são reaproveitados pela Cooperan.

Iniciativas existem para reutilizar o lixo produzido em Palmas, mas são poucas, e carregadas de problemáticas, como a falta de amparo público e idade avançada dos colaboradores 

A cidade de Palmas tem um total de  2.227,329 km² segundo o senso do  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano de 2020. Mas, com todo esse espaço, você sabe como funciona a coleta de lixo e a distribuição de resíduos? Essa dúvida é muito comum, mas o que pouca gente sabe, é a dimensão dos danos que uma gestão mal feita pode causar à vida da população local e que na nossa Capital, há projetos como a Cooperan e o movimento Vida Viva, para bater de frente com essa realidade.

A coleta do lixo da Capital acontece por meio da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (SEISP) e da Secretaria Municipal de Urbanismo e Regularização Fundiária (SEURB), coordenada nos seguintes modos: 

  • Coleta Convencional, que abrange os resíduos domiciliares gerados pela população. 
  • Coleta de Resíduos de Saúde, onde os resíduos gerados em unidades de saúde e hospitais são coletados e descartados de forma segura. 
  • Coleta de resíduos da construção civil, realizada mediante agendamento prévio e envolve a coleta de entulhos e materiais de construção descartados. 
  • Coleta Seletiva. Palmas possui um programa de coleta seletiva que abrange materiais recicláveis, como papel, papelão, vidro, plástico e metal. Os resíduos recicláveis são coletados separadamente e encaminhados para a reciclagem. 

Problemas com o lixão

Umas das formas mais antigas e, ao mesmo tempo descoordenadas de se alocar os resíduos de um município são os lixões. Apesar de proibida na lei 12.305, em 2010, essa é uma forma de depósito de elementos sólidos onde existia pouco ou nem um cuidado de medidas de proteção do ar, solo, lençóis freáticos e rios. Outro problema grave dessa forma de destinação é a aglomeração de pessoas carentes que sem ter onde conseguir sustento e alimento se veem obrigados a viver em condições insalubres, consumindo produtos e alimentos contaminados.

O lixão de Palmas foi desativado no começo dos anos 2000 para a inauguração do aterro sanitário, mas ainda há pessoas residindo no local, que se localiza na região norte da capital, nas proximidades da Água Fria. Atualmente residem cerca de 100 casas na localidade, demonstrando os problemas trazidos pela pobreza. Onde antes o solo foi infectado por chorume e demais substâncias agora vivem famílias. 

A cidade dispõe de um aterro sanitário criado em novembro de 2001, sendo um dos primeiros da região norte do país que atende as recomendações técnicas dispostas na legislação. Esse processo em Palmas utiliza a manta geomembrana de polietileno de alta densidade para a proteção do solo e lençóis freáticos. Em 2008 o serviço de tratamento de lixo foi realocado para as proximidades do Assentamento São João, motivado pela construção da barragem da Usina Hidrelétrica de Lajeado no Rio Tocantins e atualmente se localiza a 26 km² do centro da capital tocantinense. 

Foto: SECOM Palmas

 O aterro sanitário do município de Palmas atualmente tem 92 hectares de extensão, e recebe diariamente a estimativa de 379 toneladas de lixo por dia, e são vindos resíduos e lixo de todos os cantos da cidades, do extremo norte até o extremo sul. Existem outros métodos de coleta como a Cooperan que visa não somente a coleta, mas também a reciclagem.

A Cooperan

A Cooperativa de Trabalho de Materiais Recicláveis do Tocantins (Cooperan) atua desde o ano de 2004, e foi criada por pessoas simples para obter subsistência através de suas atividades com os resíduos, buscando separar e revender o que para muitos é apenas material de descarte. 

Foto: Leandro Cardoso 

Atuam principalmente com papéis, papelão, plásticos, garrafas pet e metais, dentre outros materiais, são recolhidos uma quantidade média de dez a doze toneladas por semana e recebem seus materiais de todo o municípios de Palmas desde o extremo sul até o extremo norte obtendo produtos repassados por bancos, colégios, mercados, postos de gasolina e também de eventos realizados pela cidade, como a Feira Agropecuária do Tocantins (Agrotins) e do Festival Gastronômico de Taquaruçu como informa o senhor José Santana 

esse ano fomos à Agrotins e ao Festival de Taquaruçu recolhemos, mas sem nem um apoio, que é um de nosso problemas, muitas vezes é só agente com a gente e a maioria aqui é idoso”.

Os problemas enfrentados pela Cooperan são muitos, como ressaltado pelo senhor José Santana. A cooperativa carece de ajuda, pois desde sua fundação, não tiveram nenhum outro tipo de apoio por parte do poder público, mesmo conseguindo um terreno com apoio filantrópico, onde hoje fica situado suas operações na quadra 1012 sul, como ressalta Tereza Soares: “não temos ajuda de nada é só nós. Precisamos de uma empilhadeira, uma prensa mecânica, um caminhão novo que está caindo aos pedaços, além disso ganhamos pouco com os materiais e agora vem o tempo de chuva e nosso galpão é aberto a chuva vem e deixa o que já era barato mais barato ainda”. 

Outro problema encontrado é a idade avançada da maioria das pessoas que ali trabalham. São no total 15 funcionários e a maioria tem acima de 56 anos. Grande parte deles precisam fazer bicos para complementar renda, onde apenas dois integrantes estão aposentados. Atuando em um serviço desgastante, lidando com o que muitos fingem não ver, fazendo dos resíduos seu sustento de vida. 

Outra localidade, o mesmo problema

Taquaruçu um distrito na região sul da capital cheia de suas belezas naturais e vida, cercada pelas serras como florestas que vão do verde vívido ao amarelo do cerrado em épocas de verão, e lá residem aproximadamente 5 mil habitantes conforme o senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. A localidade conta como uma coleta de lixo diária, mas mesmo com essa coleta e lixeiras dispostas para materiais separados como, metal, orgânico, plástico e papel, moradores informam que a logística dos resíduos ainda é precária.

Maria Lúcia Mendes, moradora da região a mais de duas décadas relata: “o que eu sinto como moradora daqui em questão de limpeza é que muito ausente, eu pago meu iptu e tem um lixão bem aqui na esquina que não se resolve logo, e aquilo transmite um monte de doença, limpa um dia e depois logo vem alguém e coloca lá de novo, se não trabalhar a população não resolve”

Quando perguntada se a prefeitura tem programas sobre a proteção sanitária da região, Lucia diz que “Tempos atrás já tiveram trabalho de revitalizar, pintar as casas, limpavam tudo, mas tem algum tempo que não é assim, esses dias cortei um pé de manga e ficou mais de meses, quem tá limpando tudo no entorno da rua somos nós mesmos. Você não percebe que Taquaruçu como um local turístico tá muito aquém, não consegue deslanchar ”

E para os problemas como esses na região de Taquaruçu o movimento Vida Viva tenta construir maneiras e métodos de conscientização para assegurar a proteção das fauna e flora e mais ainda do bem estar dos moradores, constituindo projetos que possam até mesmo utilizar do lixo uma fonte de renda para as pessoas, conscientizando os moradores e ativando o poder público. 

Igor Carneiro

Escritor

Aluno de jornalismo

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